quarta-feira, 17 de março de 2010

Criando conhecimento no ambiente de trabalho

Profª. Ms. Ana Maria Conti Vieira
03/2010

A carga de informações que recebemos diariamente através de várias mídias, além de extensa, deve ser processada no ambiente de trabalho para que possa ser utilizada.
Sabemos que informações soltas, sem conexões, são informações inúteis e improdutivas. Informações devem ser processadas, refletidas, conectadas com as demais informações que possuímos para que possam ser transformadas em conhecimento. E é de conhecimento que precisamos.
O processo de reflexão de informações acontece de dois modos: em sistema fechado e em sistema aberto, o que também é conhecido como circuito simples e circuito duplo (MORGAN, 2009)[1]. Morgan se refere a ciclos de aprendizagem e conhecimento só pode ser produzido através de aprendizagem.
Quando nos deparamos com situações criadas no ambiente de trabalho que geram alguma tensão e, portanto necessidade de tomada de decisão, essa decisão deve estar embasada no conhecimento.
Num sistema fechado de aprendizagem, tal decisão nasce do processamento de: em primeiro lugar, o conhecimento do meio, ou seja, conhecimento das atividades inerentes ao trabalho que se apresentam no cotidiano; em segundo lugar, da comparação com as novas informações, que geraram a tensão, com as normas estabelecidas, ou seja, é criado um ajuste entre o novo com o conhecido; por último, a tomada de decisão, que nasce do processamento das duas primeiras etapas.
Neste sentido, é criado um novo conhecimento, que resulta numa ação, tomada de decisão, que é considerado um processo de aprendizagem, aprendeu-se algo novo, pois houve mudanças, novas informações foram inseridas no meio já conhecido e devidamente processadas. No entanto, verifica-se nessa aprendizagem um processo apoiado apenas na habilidade necessária de correções e ajustes.
Para que se crie algo novo em função das novas informações, para que no processo de tomada de decisão exista a inovação, é preciso mais que apenas processar as novas informações, é necessário aprender a aprender, ou seja, é necessário processar as informações num sistema aberto, é necessário que a reflexão seja mais questionadora no sentido de questionamento das normas estabelecidas, no sentido de questionamento sobre o processo de funcionamento existente do ambiente de trabalho.
Questionar o porquê do processo ser desta forma, os porquês das normas estabelecidas, até onde essas normas são satisfatórias, questionar se o que é feito pode ser melhorado, se quem executa precisa de novas habilidades, de como devem ser desenvolvidas essas novas habilidades, ou seja, criar um processo de questionamento antes da tomada de decisão.
Assim, criamos dentro da empresa a habilidade de aprender a aprender, e é apenas desta forma que podemos inovar no ambiente de trabalho.
Mas quem deve passar por esse processo de aprender a aprender? Todos. Toda a empresa, do presidente ao faxineiro, do gerente ao operador. É um processo global. E a empresa de que ramo de atividade deve utilizar esse processo? Todos. Não importa se é indústria, comércio, serviço ou terceiro setor, se micro, média ou grande. O processo de inovação deve ocorrer em todas as empresas que se pretendem de ponta.

[1] MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 2009.